segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Para o Jorge Reis (1959-2014)

"Que sorte, a minha vida. Que sorte o sol na madrugada, a melodia dos pássaros composta pelos primeiros raios de sol. Que sorte o movimento do tempo, a velocidade da luz, o querer, que também se desloca no tempo, que sorte a vida secreta das formigas. Que sorte a memória, o caleidoscópio dos vislumbres do mundo, que sorte a nostalgia, a solidão, que sorte o amor que alimenta a sorte. Que sorte amar. Morreu o meu velho amigo, perdido no labirinto do seu inferno. Que triste sorte. O meu amigo tocava saxofone de um modo natural, como da natureza é o canto dos pássaros. O meu amigo por vezes enlouquecia e comprava pássaros, fechados nas suas gaiolas, que levava para casa e abria, enchendo a casa de voos alucinados. Quando enlouquecia, o meu amigo ouvia os pássaros em tumulto, na infinita desordem animada pela geometria abstracta do voo dos pássaros, no qual identificava a infinita desordem da sua alma. E nos pássaros procurava os primeiros raios de sol do dia, no fresco da madrugada, buscando a melodia natural do seu saxofone, a melodia natural da sua voz, a própria natureza da percepção desenfreada do tempo, alinhada ao ritmo inexpugnável da melodia dos pássaros. Morreu confuso, o meu amigo, no momento em que não soube mais distinguir a sua música interior do chilreio caótico do universo."
João Lucas

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

A quem interessar....

11.Outubro, Sábado
9H \\ “ARRUADA” FOTOGRÁFICA
PASSEIO PELO BAIRRO ALTO E BAIRROS VIZINHOS
ONDE OS PARTICIPANTES SÃO CONVIDADOS A FOTOGRAFAR
TUDO O QUE OS RODEIA
Ponto de encontro: Largo Camões
Inscrições prévias: Lithales.soares@cm-lisboa.pt
Organização: Biblioteca Camões | Largo do Calhariz, 17 – 1.º andar
Tel: 218 172 360 | http://blx.cm-lisboa.pt


Blog Lisboa Livre

sábado, 27 de setembro de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Triste?


"Nunca sei como é que se pode achar um poente triste.
Só se é por um poente não ter uma madrugada.
Mas se ele é um poente, como é que ele havia de ser uma madrugada?"

Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos"

quarta-feira, 9 de julho de 2014

domingo, 15 de junho de 2014

Contemplo...


Contemplo o que não vejo. 
É tarde, é quase escuro. 
E quanto em mim desejo 
Está parado ante o muro. 

Por cima o céu é grande;
Sinto árvores além;
Embora o vento abrande,
Há folhas em vaivém.

Tudo é do outro lado,
No que há e no que penso.
Nem há ramo agitado
Que o céu não seja imenso.

Confunde-se o que existe
Com o que durmo e sou.
Não sinto, não sou triste.
Mas triste é o que estou.

Fernando Pessoa

quinta-feira, 20 de março de 2014

"Pensador"

Foto a concurso em "Desfile Com A Máscara Ibérica, Lisboa 2014". Aqui fica o link para quem quiser votar. Obrigado


"CARETINHO"

Foto a concurso em "Desfile Com A Máscara Ibérica, Lisboa 2014". Aqui fica o link para quem quiser votar. Obrigado

https://www.facebook.com/Progestur/photos/a.596104707131946.1073741858.123584647717290/596106070465143/?type=1&theater

terça-feira, 14 de janeiro de 2014


O homem que pedala, que ped'alma
com o passado a tiracolo,
ao ar vivaz abre as narinas:
tem o porvir na pedaleira

ALEXANDRE O'NEILL